A alma que acorda

Se você chegou até aqui, talvez tenha andado muito — por dentro e por fora.

Esta carta é para você, que pousa sem saber se quer ficar.

A porta estava entreaberta quando você chegou, como sempre esteve.
Aqui não há trancas, senhas nem cerimônias.
Basta chegar.

Em Compassia, não perguntamos de onde você vem, o que carrega nos ombros ou qual a sua urgência. Há um banco à sombra e uma chaleira no fogo.
Você pode sentar, respirar e, se quiser, contar.

Este lugar foi preparado com silêncio, palavras escolhidas com cuidado e um sopro de esperança — aquele que sobrevive mesmo quando tudo parece deserto.
Se você encontrar abrigo nestas linhas, já valeu o caminho.

Se preferir apenas passar os olhos e seguir viagem, tudo bem também.
Esta estalagem não exige permanência. Só oferece pouso.

Mas se decidir ficar, saiba que, vez ou outra, deixamos um pão quente sobre a mesa.
Às vezes, escrevemos cartas que só fazem sentido para quem também anda ferido.
E, sempre que possível, acendemos uma lamparina para quem estiver chegando tarde.

Seja bem-vinda. Seja bem-vindo.
Você não precisa ser outra coisa além do que é.

— A que acende as lamparinas em Compassia

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