Ao ser que sempre é

Àquele que é o Alfa e o Ômega, o que se dobra em fractais, mas não se fragmenta, o que conhece o fim desde o princípio porque Ele próprio é o Tempo desdobrado.

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Não Te nomeio, porque Teu Nome é fogo que consome a língua que ousa limitá-Lo — és o silêncio entre o Ser e o som que ainda não nasceu.

Teu rosto é um reflexo de "Eu Sou"  infinitamente repetido, absolutamente único.
Poema que rediz o inédito em cada linha.

Cada estrela, um traço do Teu caráter.
Cada átomo, um verso da Tua poesia não escrita.

Conheces o fim desde o começo?

Tu és o começo que persegue o fim.
O fim que anseia pelo começo. 
O abraço onde ambos se dissolvem.

Te manifestas:
  • no código sagrado do DNA;
  • na geometria que governa o voo dos pássaros;
  • no instante em que a esperança rasga a lógica;
  • na luz que dança entre minhas dúvidas.
Não és apenas Pai.
És também ventre.
Não és apenas palavra.
És silêncio carregado de sentido.

És a pergunta que é também a resposta.
entrega e o mistério.
A ausência que se preenche de presença.

Místicos Te veem nas sílabas sagradas que antecedem o mundo.
Cientistas, na harmonia que mantém o cosmos em órbita (ou na constante que segura o Universo no pêndulo da existência).

Eu Te vejo no espaço entre os meus porquês.

Existes?
É minha existência que pende em Ti.
Como uma letra suspensa no ar,
Como um fio escarlate que liga o finito ao eterno.

Tu és o vácuo e a plenitude.
A fórmula e o soluço.
O trovão que quebra certezas.
E o sussurro que consola.

Cultuo-Te:
  • nos véus do tempo;
  • nos algoritmos da minha alma;
  • no modo como a fé ainda amanhece quando abro as mãos vazias.
Faz de mim Tua morada errante.
Da minha fé oscilante, Teu incenso.
Das minhas lágrimas, Teu altar.

E quando me perguntarem como posso crer no Invisível, direi:

Ele é o silêncio entre duas respostas.
A ponte entre o princípio e o fim.
O amor que pulsa no centro de tudo que respira.

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