A digital de Deus

Há uma ordem que dança no caos, e há uma quietude que sustenta a explosão das galáxias. Até o absurdo conhece seu destino. Na dobra de uma folha, no desenho de um galho, no traço delicado de um rio, há algo que se repete sem se repetir.

Fractais — como se o Universo fosse a caligrafia divina, um poema escrito com formas que se espelham no invisível. A marca de Deus, Sua digital oculta no tecido do cosmos.

Ele não se impõe em monumentos, mas se insinua em padrões. Não grita nos Céus, mas deixa pistas nas espirais do caracol, entre os traços da seiva, na arquitetura secreta do nosso próprio corpo.  

Mesmo quando tudo parece ruir, há uma geometria escondida no meio da ferida. Há algo que se rearranja, que insiste em brotar. A vida é uma dança entre desordem e harmonia. A morte não é fim, é uma dobra, é uma curva de retorno para casa.

Deus escreve em labirintos. Revela-se nas margens. Recria-nos com os cacos e transforma nossas falhas em parte do padrão maior.

E se pudéssemos ver de longe, de dentro, do alto, do eterno, perceberíamos que tudo isso — vida, morte, dor, beleza — é parte do mesmo desenho sagrado. E então, talvez, cairíamos de joelhos, não para entender, mas para agradecer. Porque mesmo entre os fragmentos, Ele está desenhando o infinito em cada ponto do nosso finito.

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