A mulher que habita o não lugar

Eu não quero os holofotes.
Não me interessam os aplausos.
Não sou feita para o centro do palco,
mas para os bastidores onde o essencial acontece sem barulho.

Eu sou da escuta, não do discurso.
Do anonimato, não do espetáculo.
Do toque leve que não exige retribuição.
Sou presença despretensiosa, mas inteira.
Sou amparo que não se anuncia.

O mundo pode não ver o que carrego —
mas eu sei.
E isso basta.
Meu dom é sustentar sem dominar,
é amar sem exigir retorno,
é criar espaços onde os outros podem respirar.

E se houver um Cristo  e há  que ama o mundo inteiro, que me encontre aqui —
não no púlpito, mas no banco da última fileira, não entre os grandes nomes, mas entre os que continuam mesmo sem título.

Este é o meu lugar.
Este é o meu verso insurgente.

E ainda que eu caminhe em quietude, meu passo é firme.
Porque sei quem sou — ainda que em retalhos.
Porque sei onde estou — ainda que em movimento.
Porque o amor que um dia recebi, aprendo a oferecer — a mim mesma primeiro.
E aos poucos, ao mundo.

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