O balé cósmico

Tudo gira.

Desde o princípio, tudo dança: galáxias em espiral; estrelas em rotação; planetas em órbita; elétrons em transe invisível, como se cada partícula conhecesse uma coreografia antiga, ensinada por um sopro que antecede a luz...

Nada está parado: nem a pedra, nem a morte.

O Espírito pairava sobre as águas — e pairar, ali, era vibrar. Era pulsar antes do Verbo. Era o zero se preparando para dançar.

Quem ensinou o cosmos a girar? Quem soprou rotação nos corpos celestes? Quem definiu que a estabilidade viria do movimento, e não da rigidez?

Tudo gira porque Ruach não é estático — é música. É ritmo. É respiração que exala vida em espirais de pó e glória. 

Mesmo o que morre, gira. A estrela em colapso explode em ouro. O corpo que tomba volta ao pó — e o pó... dança entre as raízes. 

Não existe repouso absoluto: nem no espaço, nem na alma. O repouso de Deus não é parada: é plenitude em movimento.

E se… Se o Universo todo orbitasse algo maior? Se girássemos todos — átomos, vidas, galáxias —  em torno de uma Presença tão imensa que só pode ser percebida no absoluto?

Tudo gira. E o giro é oração. É o mundo dizendo sem palavras:  "Eu fui criado para me mover… em torno do... Amor."

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