Voltar para o que nunca partiu
Ele disse que voltaria.
Mas de onde, se nunca se ausentou?
De que lugar, se a eternidade não tem mapas?
Talvez o retorno de Jesus não seja apenas o retorno de quem esteve longe, mas a revelação do que sempre esteve perto — nós é que não percebemos.
Talvez a promessa de "voltarei" seja, em parte, a de que os véus cairão, de que o tempo perderá a força, de que o invisível se tornará visível — e então veremos que Ele sempre esteve aqui.
No pão que parte, na lágrima que é enxugada, na ternura que insiste em permanecer no mundo.
Talvez a "vinda" (ou a "volta") não seja só um romper dos céus, mas um estalar da alma, um rasgar do tempo, uma abertura do olhar para o Reino que já pulsa no meio de nós.
Como nos dias de Noé, uns percebem, outros não.
Não porque Deus escolhe uns e rejeita outros — mas porque ver exige desapego, e o Reino não se impõe. Se revela.
E então, dois estarão no campo. Um verá o amor… e o outro, talvez, só continue lavrando a terra sem perceber que ela foi tocada pela eternidade.
Ele disse: "Para que onde eu estou, estejais vós também." (Jo 14.3)
Ele não disse "onde estarei", porque Ele já está.
E quer que estejamos — não apenas naquilo que chamamos "futuro", mas no agora aberto ao Eterno.
No entanto, eu creio... O céu se abrirá.
E todo olho o verá.
E os que creram dirão com alegria: "Eis o nosso Senhor… nós o esperávamos!" (Is 25.9)
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