Síndrome do Impostor: O desconforto de ser reconhecido
O que Michelle Obama e Emma Watson têm em comum, além do fato de ocuparem posições de destaque e influência no mundo todo? Ambas já confessaram, em entrevistas distintas, a mesma sensação: a de não se sentirem pertencentes aos espaços que ocupavam. Como se, a qualquer momento, alguém fosse surgir e dizer: “Descobrimos você. Não era bem aqui o seu lugar.”
Hoje, convencionou-se chamar essa vivência de Síndrome do Impostor. Muito antes de se cunhar o termo, no entanto, essa angústia de não conseguir sustentar o próprio valor persegue o humano — mesmo diante das evidências. Michelle Obama, por exemplo, escreveu que ainda se sentia “como se estivesse fingindo”, como se em algum momento fossem perceber que ela “não era boa o suficiente”. Emma Watson disse já ter temido que alguém batesse à sua porta e anunciasse: “Desculpa, foi um erro, você não deveria estar aqui.”
Por que alguns de nós sentem um certo estranhamento quando são percebidos? Não o incômodo da crítica — esse já se conhece. Falo do outro: o incômodo de ser reconhecido, de ouvir um elogio e não saber onde colocar as mãos; de se destacar — e sentir que não deveria; de ter feito algo bom — e acreditar que foi sorte.
Você já sentiu isso? Eu já.
Essa sensação de estar ocupando um lugar que não é bem seu. De ser uma fraude articulada, disfarçada de competência. De ter enganado a todos, inclusive a si mesmo. E se alguém disser que não — que você merece —, você até agradece. Mas, por dentro, continua não acreditando.
Tem gente que chama isso de insegurança. Mas talvez seja algo mais enraizado: um desencontro entre o que você é e o que aprendeu que deveria ser. Talvez alguém lá atrás nunca tenha reconhecido suas vitórias. Ou talvez você tenha se habituado a existir nos bastidores; a desejar sem se permitir querer de verdade. Talvez tenha aprendido que crescer é perigoso, brilhar é vaidade, e criar um espaço para si… egoísmo.
E agora, quando a vida lhe oferece um lugar de autoria, você hesita. Sente que está invadindo o palco alheio, mesmo tendo escrito o roteiro. Sente que vão descobrir que você não é tudo isso. E talvez, secretamente, torça para que descubram logo — só para acabar com esse jogo exaustivo de parecer ser algo (ou alguém) que não se é.
Esse nó que se forma entre o desejo e a culpa, entre o mérito e a vergonha. É ali que mora o desconforto de ser reconhecido. E esse emaranhado psíquico não se desfaz com frases motivacionais, mas talvez comece a se dissolver quando você começar a se perguntar: de onde vem esse incômodo de ser percebido?
A resposta não vem fácil. Mas quando vem, ela não diz: “você é um impostor”. Diz, com ternura: “você está tentando aprender a ser inteiro”.
Na linguagem psicanalítica, poderíamos falar em desejo inconsciente, ideais do ego, superego punitivo. Mas mesmo antes desses nomes, há uma vivência: a de não se sentir autorizado a ocupar o próprio lugar no mundo. Alguns internalizam a ideia de que não podem desejar demais. Outros, que não podem errar. E há quem viva exausto tentando merecer, todos os dias, o direito de existir.
Por isso, não se trata apenas de “acreditar em si”. Trata-se de escutar a história por trás da dúvida; de admitir que o desconforto de ser reconhecido não é fraqueza — é a dor de quem, por muito tempo, não pôde ser visto de verdade. E agora está tentando.
Hoje, convencionou-se chamar essa vivência de Síndrome do Impostor. Muito antes de se cunhar o termo, no entanto, essa angústia de não conseguir sustentar o próprio valor persegue o humano — mesmo diante das evidências. Michelle Obama, por exemplo, escreveu que ainda se sentia “como se estivesse fingindo”, como se em algum momento fossem perceber que ela “não era boa o suficiente”. Emma Watson disse já ter temido que alguém batesse à sua porta e anunciasse: “Desculpa, foi um erro, você não deveria estar aqui.”
Por que alguns de nós sentem um certo estranhamento quando são percebidos? Não o incômodo da crítica — esse já se conhece. Falo do outro: o incômodo de ser reconhecido, de ouvir um elogio e não saber onde colocar as mãos; de se destacar — e sentir que não deveria; de ter feito algo bom — e acreditar que foi sorte.
Você já sentiu isso? Eu já.
Essa sensação de estar ocupando um lugar que não é bem seu. De ser uma fraude articulada, disfarçada de competência. De ter enganado a todos, inclusive a si mesmo. E se alguém disser que não — que você merece —, você até agradece. Mas, por dentro, continua não acreditando.
Tem gente que chama isso de insegurança. Mas talvez seja algo mais enraizado: um desencontro entre o que você é e o que aprendeu que deveria ser. Talvez alguém lá atrás nunca tenha reconhecido suas vitórias. Ou talvez você tenha se habituado a existir nos bastidores; a desejar sem se permitir querer de verdade. Talvez tenha aprendido que crescer é perigoso, brilhar é vaidade, e criar um espaço para si… egoísmo.
E agora, quando a vida lhe oferece um lugar de autoria, você hesita. Sente que está invadindo o palco alheio, mesmo tendo escrito o roteiro. Sente que vão descobrir que você não é tudo isso. E talvez, secretamente, torça para que descubram logo — só para acabar com esse jogo exaustivo de parecer ser algo (ou alguém) que não se é.
Esse nó que se forma entre o desejo e a culpa, entre o mérito e a vergonha. É ali que mora o desconforto de ser reconhecido. E esse emaranhado psíquico não se desfaz com frases motivacionais, mas talvez comece a se dissolver quando você começar a se perguntar: de onde vem esse incômodo de ser percebido?
A resposta não vem fácil. Mas quando vem, ela não diz: “você é um impostor”. Diz, com ternura: “você está tentando aprender a ser inteiro”.
Na linguagem psicanalítica, poderíamos falar em desejo inconsciente, ideais do ego, superego punitivo. Mas mesmo antes desses nomes, há uma vivência: a de não se sentir autorizado a ocupar o próprio lugar no mundo. Alguns internalizam a ideia de que não podem desejar demais. Outros, que não podem errar. E há quem viva exausto tentando merecer, todos os dias, o direito de existir.
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